quinta-feira, 16 de abril de 2009

A insustentável leveza do ser...

"...O caso era mais delicado quando eram elas é que vinham à sua casa. Ele lhes explicava que, depois da meia-noite, tinha de levá-las porque sofria de insônia e não conseguia dormir ao lado de outra pessoa. Esta explicação não andava longe da verdade, mas a razão principal era menos nobre e Tomas não se atrevia a confessar às companheiras que, nos momentos que se seguem ao amor, sentia um desejo imperioso de ficar sozinho. Era profundamente desagradável acordar no meio da noite ao lado de uma criatura estranha. O despertar matinal do casal causava-lhe repugnância. Não tinha vontade nenhuma que o vissem escovar os dentes no banheiro e a intimidade do pequeno-almoço a dois não lhe dizia nada. Sentia-se quase tentado a dizer que o que procurava no ato sexual não era a volúpia, mas o sono que se lhe segue..."
A insustentável leveza do ser, Milan Kundera

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