E por falar em cartas de amor, tem um trecho do livro “Cartas a Nelson Algren, Um Amor Transatlântico, de Beauvoir que eu adoro. Ela e o escritor americano Nelson Algren estiveram juntos por 17 anos, mesmo ela permanecendo sempre ao lado de Sartre. Será que Beauvoir não amava Sartre?
(...) Meu gentil, maravilhoso e bem-amado "jovem nativo", você mais uma vez me fez chorar, mas lágrimas doces, doces como tudo o que vem de você. Eu acabara de me acomodar no avião e abrir seu livro, quando tive vontade de ver a sua caligrafia. Voltei para primeira página lamentando não ter pedido a você que nela escrevesse alguma coisa, e eis que elas estavam ali, suas ternas, atraentes e belas palavras. Apoiei a testa contra a janela e chorei acima do mar azul, mas lágrimas doces, lágrimas de amor, do nosso amor. Eu o amo. Antes, o chofer de táxi me perguntara: "É seu marido?" "Não." "Ah, um amigo?", e acrescentara com uma voz cheia de simpatia: "Como ele parecia triste!" Não pude me impedir de dizer: "Nós estamos muito tristes por nos separar. Paris é muito longe!" Então ele começou a falar amavelmente de Paris. Depois o avião decolou. Gosto de aviões. Quando se vive intensamente uma grande emoção, ele é o único meio de transporte que se adequa ao nosso estado de alma, creio. O avião, o amor, o céu, a tristeza e a esperança constituíam um todo. Eu pensava em você, lembrava-me com cuidado de cada detalhe, lia seu livro, que, aliás, prefiro ao outro. Aterrissamos e devemos aguardar duas horas. Onde está você neste exato momento? Talvez em outro avião. Quando você voltar ao nosso pequeno lar, eu estarei lá, escondida sob a cama e em todos os lugares. Doravante estarei sempre com você, nas tristes ruas de Chicago, sob o metrô de superfície, no quarto solitário. Estarei com você como uma esposa amorosa com seu marido bem-amado. Nós não teremos de despertar porque não é um sonho; é uma história real e maravilhosa que apenas se inicia. Eu o sinto comigo e aonde eu for você irá, não apenas seu olhar, mas você inteiro. Eu o amo, e não há mais nada a acrescentar. Você me toma nos braços, eu me estreito contra você e o beijo como costumava beijá-lo.
Sua Simone.
(...) Meu gentil, maravilhoso e bem-amado "jovem nativo", você mais uma vez me fez chorar, mas lágrimas doces, doces como tudo o que vem de você. Eu acabara de me acomodar no avião e abrir seu livro, quando tive vontade de ver a sua caligrafia. Voltei para primeira página lamentando não ter pedido a você que nela escrevesse alguma coisa, e eis que elas estavam ali, suas ternas, atraentes e belas palavras. Apoiei a testa contra a janela e chorei acima do mar azul, mas lágrimas doces, lágrimas de amor, do nosso amor. Eu o amo. Antes, o chofer de táxi me perguntara: "É seu marido?" "Não." "Ah, um amigo?", e acrescentara com uma voz cheia de simpatia: "Como ele parecia triste!" Não pude me impedir de dizer: "Nós estamos muito tristes por nos separar. Paris é muito longe!" Então ele começou a falar amavelmente de Paris. Depois o avião decolou. Gosto de aviões. Quando se vive intensamente uma grande emoção, ele é o único meio de transporte que se adequa ao nosso estado de alma, creio. O avião, o amor, o céu, a tristeza e a esperança constituíam um todo. Eu pensava em você, lembrava-me com cuidado de cada detalhe, lia seu livro, que, aliás, prefiro ao outro. Aterrissamos e devemos aguardar duas horas. Onde está você neste exato momento? Talvez em outro avião. Quando você voltar ao nosso pequeno lar, eu estarei lá, escondida sob a cama e em todos os lugares. Doravante estarei sempre com você, nas tristes ruas de Chicago, sob o metrô de superfície, no quarto solitário. Estarei com você como uma esposa amorosa com seu marido bem-amado. Nós não teremos de despertar porque não é um sonho; é uma história real e maravilhosa que apenas se inicia. Eu o sinto comigo e aonde eu for você irá, não apenas seu olhar, mas você inteiro. Eu o amo, e não há mais nada a acrescentar. Você me toma nos braços, eu me estreito contra você e o beijo como costumava beijá-lo.
Sua Simone.
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