Para Faculdade...
“Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”. Esse é um trecho do livro “A Mulher de 30 anos” do francês Honoré de Balzac, aparentemente a obra parece ser atual, mas o livro foi escrito no ano de 1831. A personagem principal, Júlia d`Àiglemont, é o primeiro grande retrato da mulher mal casada e insatisfeita com o seu matrimônio. A descrença no amor toma conta da personagem, que ao chegar aos trinta anos se considera uma mulher experiente, feliz e com o direito de amar quem se demonstre merecedor de seu amor.
Mais de um século e meio se passaram e talvez Balzac nem pudesse imaginar que seu tema continuaria tão atual, porém o perfil das personagens principais é outro, pelo menos na ficção. O best sellers “Diário de Bridget Jones”, retrata com humor uma mulher de 30 anos solteirona, que luta contra a solidão, o chefe, a balança e as cobranças feitas pela família para arrumar um casamento.
Mas será que fora da ficção mulheres de trinta anos são apenas aquelas que buscam desesperadamente um namorado e morrem de medo de ficaram pra titia? Segundo a médica Flávia Silva que acaba de completar 30 anos, ela considera essas cobranças ultrapassadas. “Sou solteira, independente financeiramente, com curso superior, me acho atraente e tenho amigos legais. Particularmente sou uma solteira por opção. Moro sozinha e amo estar só. Adoro a possibilidade de dormir com a televisão ligada a noite toda, enfim, ter liberdade dentro da minha própria casa, sem limites”. Ela acredita que a mulher quando chega aos 30, alcança seu ápice: mais bonita, elegante e bem sucedida e diz não ter medo da solidão. “Simplesmente não consigo me imaginar casada, não estou descartando essa possibilidade em absoluto, mas talvez essa seja uma realidade para a qual eu não esteja preparada".
O historiador Cláudio Rodrigues, explica que a sociedade mudou desde a época em que de acordo com o pensamento social, as mulheres eram consideradas bem sucedidas se fossem casadas, mesmo que o casamento não fosse para elas uma felicidade. Após as conquistas sociais, políticas e principalmente a econômica, a mulher faz escolhas que independem dos valores impostos pela sociedade. “Hoje uma mulher de 30 anos tem liberdade de escolher ser solteira, ou mesmo terminar um casamento ruim, o que era um conflito social para a personagem principal do livro de Balzac, hoje não é mais.”
Independente, bem sucedida e com vida social intensa, a empresária Christine Fassarela, de 32 anos, diz que não é tão cobrada em relação a relacionamentos por já ter sido casada uma vez aos 23 anos. Hoje separada, ela conclui: “Já casei e não sinto mais essa necessidade. Sinto-me mais seletiva, não tenho necessidade de namorar uma pessoa que não tenha nada parecido comigo, quero alguém que me acrescente alguma coisa. Procuro um relacionamento estável e seguro, mas enquanto isso não acontece, curto a vida com os amigos. A pessoa que tiver um relacionamento comigo, tem que estar preparada para enfrentar o tipo de independência que eu não só tenho como preciso para ser feliz.”
Balzaquianas
O escritor Balzac retrata em seu livro, a mulher de trinta anos como uma mulher madura e experiente. E há algum tempo a expressão “idade balzaquiana” foi usada para definir a mulher de 30 anos. O escritor duplicou a idade para a mulher amar, acreditando que chegaria ao seu melhor desempenho sexual na fase dos 30 aos 40 anos.O estudante de Direito Hedertone Júnior, 23 anos, se diz encantado pelas mulheres de 30 anos. “Eu considero a mulher de 30 anos mais resolvida em todos os sentidos, e a maioria delas já tem uma profissão e são independentes”. Hedertone já namorou algumas, mas afirma que os relacionamentos anteriores não deram certo porque ele ainda não é independente financeiramente. “É diferente namorar uma mulher de 30 anos, elas são divertidas, sabem o que querem e não são limitadas como a maioria das meninas de 20 e poucos anos. Se eu pudesse só me relacionaria com as balzaquianas.”
obs: Ganhei o livro de Balzac quando fiz 30 anos, e quando recebi a pauta para falar das solteiras lembrei dele na mesma hora. Eu fiz essa matéria em 2007 para faculdade.
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